Ressecamento íntimo, o que é e como tratar?
O ressecamento vaginal é uma condição que afeta muitas mulheres, especialmente em fases específicas da vida, como a menopausa. Apesar de comum, ainda é um tema cercado de tabus, fazendo com que muitas mulheres convivam com o desconforto em silêncio. Entender as causas, reconhecer os sintomas e saber que existem tratamentos eficazes é fundamental para cuidar da saúde íntima e da qualidade de vida.
6/5/20253 min read


O que é o ressecamento vaginal?
O ressecamento vaginal acontece quando há uma diminuição na lubrificação natural da mucosa da vagina, tornando-a mais fina, frágil e sensível. Essa condição pode causar dor, ardência, coceira e desconforto, especialmente durante a relação sexual.
É um dos sintomas mais frequentes da síndrome geniturinária da menopausa (SGM), mas também pode ocorrer em outras fases da vida.
Principais causas do ressecamento íntimo
Menopausa e climatério
Com a queda dos níveis de estrogênio, comum a partir da menopausa, a mucosa vaginal se torna mais fina e menos lubrificada. Estudos mostram que até 50% das mulheres na pós-menopausa relatam sintomas de SGM, incluindo o ressecamento vaginal1.Uso de anticoncepcionais hormonais
Algumas pílulas com doses mais baixas de estrogênio podem causar ressecamento em mulheres mais jovens.Pós-parto e amamentação
Durante a lactação, há uma diminuição natural dos níveis de estrogênio, o que também pode levar ao ressecamento.Estresse e ansiedade
Fatores emocionais podem impactar a lubrificação vaginal, principalmente por reduzir a libido e dificultar a excitação sexual.Quimioterapia e radioterapia
Mulheres em tratamento de câncer podem apresentar atrofia vaginal devido à interferência nos hormônios sexuais.Doenças autoimunes e uso de medicamentos
Lúpus, síndrome de Sjögren e o uso de antidepressivos ou anti-histamínicos também estão associados à secura vaginal.
Sintomas comuns
Ardência ou queimação
Dor durante a relação sexual (dispareunia)
Coceira vaginal
Sensação de secura ou rigidez
Maior frequência urinária
Infecções urinárias recorrentes
Pequenos sangramentos após o ato sexual
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por um ginecologista, a partir da conversa com a paciente, avaliação dos sintomas e exame ginecológico. Em alguns casos, podem ser solicitados exames complementares para excluir outras condições.
Tratamentos disponíveis
Existem diversas formas de tratamento, que variam conforme a causa e o estágio do ressecamento. O acompanhamento médico é essencial para indicar a melhor opção para cada caso:
1. Lubrificantes e hidratantes vaginais
São tratamentos tópicos que aliviam o desconforto. Lubrificantes são indicados para o momento da relação sexual; hidratantes, para uso contínuo.
2. Terapia hormonal (TH)
A reposição local de estrogênio (em forma de creme, comprimido vaginal ou anel) é o tratamento mais eficaz em casos associados à menopausa. Segundo a The North American Menopause Society, a TH vaginal é segura e melhora significativamente a qualidade de vida da mulher2.
3. Laser íntimo
A tecnologia do laser vaginal (como o laser de CO₂ fracionado ou Erbium YAG) tem se mostrado promissora no tratamento da atrofia vaginal. Ele estimula a produção de colágeno e melhora a vascularização da mucosa, promovendo rejuvenescimento e lubrificação. Estudos demonstram alta taxa de satisfação e melhora clínica dos sintomas3.
4. Terapias regenerativas
Procedimentos com ácido hialurônico, PRP (plasma rico em plaquetas) e outros bioestimuladores também são alternativas modernas para regeneração da mucosa vaginal.
5. Mudanças no estilo de vida
A prática de atividade física, boa alimentação, sono adequado e redução do estresse também são importantes aliados na saúde íntima.
Por que falar sobre isso importa
O ressecamento vaginal não deve ser encarado como algo “normal da idade” ou algo com o qual a mulher precise conviver. O silêncio e a vergonha só aumentam o sofrimento físico e emocional. Ao buscar orientação médica, é possível encontrar tratamento, alívio e reconexão com a própria sexualidade.
Cuidar da saúde íntima é um ato de amor-próprio e um passo essencial para viver com mais conforto, bem-estar e autoestima.
Referências científicas
Portman DJ, Gass ML. Genitourinary syndrome of menopause: new terminology for vulvovaginal atrophy from the International Society for the Study of Women’s Sexual Health and The North American Menopause Society. Menopause. 2014;21(10):1063–8.
North American Menopause Society. Position Statement on hormone therapy for women in menopause. Menopause. 2022;29(7):767–794.
Salvatore S, et al. Sexual function after fractional microablative CO2 laser in women with vulvovaginal atrophy. Climacteric. 2015;18(2):219–225.

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